Startup da UFSM recebe investimento de R$ 1,6 milhão para projeto de robótica que auxilia no desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista

Startup da UFSM recebe investimento de R$ 1,6 milhão para projeto de robótica que auxilia no desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista

Foto: Qiron Robotics (Divulgação)

A Qiron Robotics foi selecionada no edital Startups em Tecnologias Habilitadoras, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A startup, que está incubada na Pulsar Incubadora Tecnológica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é especializada na criação de robôs sociais, com foco particular no campo educacional e terapêutico.

O projeto aprovado utiliza robôs humanoides em sala de aula e ambiente clínico como uma ferramenta para o auxílio do desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).


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O edital, lançado em setembro de 2022, teve seu o resultado publicado este ano, contemplando a Qiron Robotics com um recurso de R$ 1.623.615,28. Esse valor será investido pela startup em inovações que possam impactar positivamente na educação e na terapia de crianças com TEA, transtorno que tem afetado um número crescente de pessoas ao redor do mundo. Assim, o projeto da Qiron Robotics surge como uma iniciativa promissora, buscando utilizar a tecnologia robótica e de inteligência artificial para melhorar o aprendizado e comportamento de crianças com TEA.


Sobre o projeto
O projeto “Robô autônomo para saúde mental”, aprovado no edital, é resultado de uma parceria de cerca de dois anos com a Universidade Federal do Tocantins (UFT). Na iniciativa, um robô apelidado de Nico é utilizado para trabalhar formas de interagir, habilidades sociais e comportamentais, criando atividades e jogos que auxiliam no desenvolvimento de crianças com autismo. Ele movimenta a cabeça, os braços, os olhos e consegue interagir verbalmente, ajudando no processo de desenvolvimento de habilidades sociais e comportamentais das crianças autistas.


A pesquisadora do projeto, Héllen Souza Luz, ressalta que a dificuldade de interação social é uma das características centrais das crianças com TEA


— Ele [o robô] consegue estimular, por exemplo, a fala e outras habilidades sociais nas crianças com TEA, desenvolvendo micro-comportamentos fundamentais para o processo escolar dessas crianças – como a troca de turnos, atenção conjunta, entre outros. Em indivíduos neurotípicos, esses comportamentos são desenvolvidos naturalmente, a partir da observação; já na criança com TEA, não: ela precisa ser treinada para isso e, quanto antes ocorrer, melhor, para que tenha um processo acadêmico com menos prejuízo — comenta ela em entrevista ao Sexta com Ciência, da UFT.


O modelo de robô para iniciativa utilizado é o Beo, desenvolvido pela Qiron e usado, também, em outras finalidades como em eventos e ambientes de engajamento com o público. 


— O Beo se destaca em salas de aula e clínicas como um parceiro expressivo do professor e um facilitador para terapeutas, ajudando na interação e no engajamento de crianças, incluindo aquelas com Transtorno do Espectro Autista. Ele combina inteligência artificial com conteúdo personalizável, tornando a aprendizagem mais inclusiva e a terapia mais eficaz. Essa abordagem mais empírica é o que nos embasou para buscar a profundidade científica junto à UFT — comenta Rafael Miranda, CEO da Qiron Robotics.


Simone Irigon também integrante do projeto na UFT, em entrevista ao Sexta com Ciência, destaca que o robô Nico tem sido eficiente no processo de aprendizagem dos estudantes com TEA por conta de sua



— Suas especificações permitem programação e seus estímulos são observados por meio de movimentos corporais, roteiros verbais gravados, orientação da cabeça, movimentos do olhar e coordenadas de braços e mãos, controlados por iPad, que se comporta como um controle em tempo real, sendo assim uma ferramenta com profundidade de ensino e pesquisa capaz de despertar a empatia com o participante — ressalta a pesquisadora.


Impulso para desenvolvimento de tecnologia

Rafael destacou a importância do recuso recebido no edital para impulsionar a pesquisa que já era desenvolvida há um tempo, mas que necessitava de recursos para o aprofundamento e melhora da tecnologia. 

— Estamos agora em uma posição única para não apenas aprofundar nossa pesquisa, mas também tornar nossa tecnologia mais acessível e adaptável às necessidades dessas crianças. Este investimento é um testemunho do potencial do nosso projeto em fazer uma diferença real na vida das pessoas e serve como um catalisador para futuras inovações — ressalta.



A aprovação no edital vai permitir que a Qiron acelere o seu desenvolvimento, tanto na parte científica (pesquisas sobre o TEA junto à UFT) quanto na parte tecnológica (ampliação do potencial do robô Beo).

Além disso, o CEO destaca que o edital da Finep traz celeridade e notoriedade para o projeto. 


— É um cartão de visita. Várias portas se abrem com esse aporte. Podemos tornar o Beo mais acessível e adaptável, e também podemos explorar novas oportunidades de parcerias, que podem beneficiar não apenas crianças com TEA, mas também outros grupos — pontua. Para o futuro, a Qiron pretende expandir suas parcerias e soluções. Dentre seus planos, está a possibilidade de trabalhar com idosos, adultos com TEA e outras neurodivergências. Além de ampliar as parcerias já existentes, a exemplo da com o Sebrae e no Descubra da UFSM, em que o robô foi hostess.


*Com informações da Assessoria de Comunicação do InovaTec UFSM Parque Tecnológico

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